O corpo do policial militar Wesley Soares Góes, de 38 anos, que morreu após ser baleado por agentes do Batalhão de Operações Especiais da Bahia, durante um surto psicótico no Farol da Barra, em Salvador, foi enterrado hoje em Itabuna, no sul do estado.
Além de familiares e amigos, integrantes da corporação também participaram do sepultamento do militar no cemitério Campo Santo.
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Em uma rede social, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), lamentou a morte do PM.
"Quero lamentar profundamente o fato ocorrido neste domingo e ao mesmo tempo manifestar meus sentimentos à família do policial envolvido", afirmou.
Disparos para o alto em ponto turístico
Ontem, Wesley caminhava fardado, portando um fuzil e com o rosto pintado de verde e amarelo pelo Farol da Barra, na capital baiana, quando começou a fazer disparos para o alto. Uma equipe do Bope foi chamada.
Após 3h30 de negociação, o soldado disse que "havia chegado o seu momento", fez uma contagem regressiva e disparou contra as guarnições. Houve revide. O agente, que trabalhava na 72ª Companhia Independente da Polícia Militar há quatro anos, chegou a ser encaminhado para o Hospital Geral do Estado.
Presidente da CCJ fala que PM foi "abatido" e gera repúdio
A morte do soldado teve repercussão entre políticos, sendo que a manifestação da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) no Twitter gerou repúdio de opositores.
A presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) escreveu uma mensagem na qual dizia que Wesley Soares Góes "foi abatido" porque "disse não às ordens de Rui Costa (governador da Bahia)", sugerindo que o soldado havia se recusado a fiscalizar quem descumprisse as medidas de restrição impostas na cidade. A investigação ainda está em curso, mas até o momento não está claro a motivação de Wesley para o ato.
Mais tarde, Bia Kicis apagou o tuíte e justificou, dizendo que aguardará investigação para se pronunciar novamente. Porém, outros deputados como Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) repetiram o teor do discurso da deputada, atribuindo ao soldado uma frase com conotação política que teria sido dita por ele durante o incidente.
Nesta madrugada fui informada, de q o PM morto, em surto, havia atirado p/ o alto e foi baleado por https://t.co/haFx4dBvFR redes se comoveram e eu tb.Hoje cedo removi o post p/ aguardarmos as investigações. Inclusive diante do reconhecimento da fundamental hierarquia militar.
— Bia Kicis (@Biakicis) March 29, 2021
Deputados de oposição reagiram, dizendo que Kicis e outros bolsonaristas estão incentivando um motim de PMs na Bahia. Segundo Marcelo Freixo (PSOL-RJ), os bolsonaristas estão "manipulando uma tragédia para atacar a Constituição e a Democracia".
A extremista Bia Kicis, presidente da CCJ, que já discursou a favor da intervenção militar dentro do parlamento, agora estimula um motim da PM na Bahia. Mais uma vez utiliza o cargo p/ pregar a violência contra o Estado de Direito e a Democracia. É um crime contra a Constituição.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) March 29, 2021
Bia Kicis e demais deputados bolsonaristas estão usando politicamente a morte do PM Wesley Soares em Salvador p/ espalhar fake news, atacar o isolamento social e incitar motins policiais. Estão manipulando uma tragédia p/ atacar a Constituição e a Democracia. É criminoso.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) March 29, 2021